Como conheci a melhor banda do mundo

On 16 de dezembro de 2012 by Max Valarezo

Ao pensar sobre os possíveis textos que gostaria de escrever para este blog, em poucos segundos cheguei a uma óbvia conclusão: teria que escrever sobre o Rush, minha banda preferida (os Beatles não contam, passaram a ser hors concours). Mas logo vi que gostaria de falar de vários tópicos relacionados ao trio: as letras, o virtuosismo, o significado das músicas, o último álbum, etc. Então preferi assumir que vou falar várias vezes da banda e começar a escrever em partes. E por que não começar falando sobre como foi que conheci o Rush?

Pra quem não conhece, faço um breve resumo aqui de quem são os caras da banda. Formada por Geddy Lee (baixo, vocal e teclados), Neil Peart (bateria) e Alex Lifeson (guitarra), o Rush já tem quarenta anos de carreira. Surgida na década de 1970, a banda sempre esteve à margem do mainstream musical, por conta do rock progressivo considerado estranho por muitos: canções longas (algumas com mais de 20 minutos de duração), letras que falavam de filosofia, ficção científica e fantasia, etc. Mas a verdade que ficou logo evidente era que o trio era composto por excelentes músicos, verdadeiros virtuosos dos seus instrumentos (e esse reconhecimento ainda perdura). Hoje, os três esquisitões de Toronto, Canadá, são aclamados como uma das maiores e mais importantes bandas de rock da história.

Hoje em dia, toda essa consagração faz todo o sentido pra mim. Mas, pra ser sincero, não foi sempre assim.

Tão simpáticos

 

 

 

Primeiro (mau) contato

Eu já tinha ouvido falar sobre o Rush antes de 2009. Era um pouco difícil não escutar ao menos uma vez o nome da banda sendo um moleque como eu fui, que basicamente ocupava todo seu tempo livre lendo sobre rock e assistindo MTV na época em que ela ainda prestava.

Meu primeiro contato com o Rush foi com o que é considerado por muitos o maior clássico do grupo: a canção Tom Sawyer. O que eu pensei da banda na ocasião? Simplesmente achei o som dos caras horrível. A voz do Geddy Lee era ridiculamente aguda, a estrutura da música era uma das coisas mais esquisitas que já tinha ouvido e o visual dos caras tocando em uma cabana no meio da neve não ficava pra trás no quesito peculiaridade. Ou seja, meu primeiro contato com o Rush foi um desastre.

Infelizmente, não lembro exatamente onde vi o clipe. Mais provável que tenha sido na MTV mesmo. Como não gostei da banda, não lembro o momento exato e o contexto da situação. Não sei onde eu estava, nem quantos anos eu tinha. Só sei que detestei e pronto.

Mais tarde, começaram a surgir pistas indicando que eu estava desprezando algo significativo. Tenho uma vaga lembrança de ter comentado sobre o Rush com um amigo de infância, para ver se ele também conhecia. Ele já tinha ouvido um pouco e prontamente disse que, aparentemente, o baterista deles era o melhor do mundo. Mais tarde, Jack Black assinaria embaixo, em Escola do Rock.

Não importava. Basicamente, eu já havia definido que não gostava de Rush por ter achado bem ruim a única música deles que conhecia. Por conta disso, não cheguei a pesquisar sobre a história da banda nem sequer conhecer outras canções. Mas minha ignorância rushística estava com os dias contados.

O triunvirato em 1978

 

Um trio estranhamente importante

Como já comentei, muito do meu tempo livre quando mais jovem era dedicado a assistir à MTV. Em tempos em que o YouTube nem existia, o canal era minha melhor forma de conhecer mais a fundo artistas que já ouvia e descobrir mais sobre outros com quem não estava familiarizado. E quando digo que, naquela época, a MTV ainda prestava, não minto. Muito do que aprendi sobre música veio de programas como Top Top, Covernation e MTV +.

Esse último consistia em minidocumentários, cada capítulo sobre um artista diferente. E foi no episódio sobre o Rush que eu pude entender melhor a importância da banda. Os integrantes frequentemente eleitos como os melhores instrumentistas do rock nas respectivas modalidades; o reconhecimento ao longo das então mais de três décadas de carreira; a base sólida de fãs. Mais uma vez, não posso dizer que lembro detalhes do programa. Mas teve uma frase do episódio que me marcou.

Rush: quem não gosta, não gosta mesmo. Mas quem gosta, não simplesmente “gosta”. Vira um verdadeiro fã.

Achei engraçado a visão do programa ser tão “oito ou oitenta”. Mas não conhecia muita gente que gostava (ou desgostava) de Rush, então não pude confirmar se era verdade. Mas, pelo menos, agora eu conhecia melhor a banda e sabia que os caras não eram um grupozinho de rock qualquer, daqueles que teve seus dias de glória e logo desapareceu.

Alguns anos mais tarde, eu comprovaria que, pelo menos no que diz respeito à minha relação com o Rush, a MTV acertou.

Vem ni mim, Rãch

2009 foi o ano que mudou tudo. Na época, um amigo com quem costumava jams de guitarra me contou que tinha recentemente entrado para uma banda e que eles queriam tocar no meu colégio. Mas havia um entrave: achávamos que eles só poderiam se apresentar lá apenas se pelo menos um integrante da banda fosse aluno da minha escola. Meu amigo já havia terminado o ensino médio na instituição um ano antes, então a melhor saída que eles encontraram era que eu tocasse junto com eles, fingindo que eu já era do grupo.

É lógico que gostei da ideia. Sempre quis fazer um show de rock no meu colégio. Então aceitei a proposta, conheci a banda e aprendi as canções que eles já tocavam. Tudo isso para fingir que eu era membro por apenas um show (no fim das contas, acabei sendo convidado para ficar no grupo permanentemente, mas isso é outra história).

As músicas que eles tocavam eram ótimas, aprendi a tocá-las com gosto: Born to Be Wild (Steppenwolf), Whole Lotta Love (Led Zeppelin), Another Brick In The Wall Part II (Pink Floyd) e muitas outras. Mas, enfiado bem ali no meio do setlist, estava Tom Sawyer. Oh, a ironia! Mas aprendi a canção de qualquer forma. Se fosse pra ser rockstar por um dia, valeria a pena.

Mas o estranho foi perceber que a música não era de todo ruim. Na verdade, era bem legal. A estrutura rítmica que tanto me causou estranhamento na primeira vez agora me deixou intrigado, passou a ser um desafio interessante na tarefa de estudar a canção. Alguns dias depois, meu amigo veio propor que tocássemos outra música do Rush no show, e eu, descobrindo aos poucos o interesse pelo grupo, topei. Ele me apresentou então Freewill e fiquei empolgadíssimo, gostei dela de primeira. Mas a coisa toda desandou de vez quando ele me apresentou The Spirit of Radio.

Até agora não sei dizer ao certo o que me fez ficar fascinado pela música. Talvez a mistura de rock com ska em algumas partes, a progressão de acordes, a melodia da voz, o riff de guitarra…provavelmente foi tudo isso junto. Pronto. A partir daquele instante, passei a gostar assumida e genuinamente daquela banda que eu tanto julguei como ridícula quando mais jovem.

No fim das contas, fizemos uma apresentação bem decente no meu colégio, a galera pareceu ter gostado. O momento em que tocamos The Spirit of Radio, na época, me pareceu simplesmente irretocável, provavelmente por conta de minha recém-descoberta empolgação quanto ao Rush. Mas a verdade é que, revendo hoje o vídeo que gravaram da ocasião, fica a impressão de que ainda tínhamos que melhorar.

Mas divago. Daquele momento em diante, a fascinação pela banda só aumentaria, assim como a importância para mim desses três esquisitões vindos de Toronto. Ainda há outras histórias, mas, por mais que soe interessante honrar a tradição das músicas longas do Rush com um texto igualmente extenso, prefiro contar o restante em outros capítulos.

E você? É fã de Rush? Já ouviu falar, mas nunca chegou a escutar o som dos caras? Comente aí embaixo sua relação com eles, tenho certeza de que outros têm boas histórias envolvendo a banda.

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